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CURIOSIDADE:

No século 16, ao tempo da chegada dos portugueses, o território de Ribeirão Pires estava inserido em uma imensa aldeia tupiniquim chamada Geribatiba – nome derivado do Rio Jurubatuba-açú, hoje chamado de Rio Grande (no ABC) e Pinheiros (na Capital). Chefiava essa aldeia o índio Caiubi, irmão do Cacique Tibiriçá. Com o apossamento das terras pelos portugueses e a criação do sistema de sesmarias, o território de Ribeirão Pires foi incorporado aos domínios de Brás Cubas, que já possuía fazenda na Baixada, mas fundou a segunda, no Planalto, no atual bairro do Tatuapé, à beira do Rio Tietê. Dadas as condições geográficas desfavoráveis da região serrana – floresta úmida e fechada, clima frio, forte neblina – a atual cidade de Ribeirão Pires serviu apenas como rota de acesso à Vila de São Paulo de Piratininga e não como local de assentamento. Os colonos buscavam lugares altos e de campos abertos, fáceis de fortificar, pois poderiam antever os ataques dos Tamoios (por exemplo, a construção do Pátio do Colégio, em lugar elevado, cercado de campos, e a destruição da Vila de Santo André da Borda do Campo, localizada em lugar baixo e cercado de mata fechada).

A historiografia oficial atribui o nome do município de Ribeirão Pires ao mestre de campo Antônio Pires de Ávila. Porém, o militar morou muito brevemente em um sítio chamado Cassaquera, na beira de um córrego que leva o mesmo nome – região do atual município de Mauá. Como seus domínios eram muito amplos e as atuais divisas não existiam, seu sítio abocanhava uma parte considerável da região noroeste de Ribeirão Pires, banhada por um pequeno ribeirão, denominado “dos Pires”. Sabe-se, com certeza, que se estabeleceu nesse sítio por volta de 1716, quando retornou de uma de suas missões em Mato Grosso, em busca de ouro.

O reduto dos Pires – família extensa que chegou ao Brasil na esquadra de Pedro Álvares Cabral – sempre foi a Vila de São Paulo. Por essa razão, o militar concentrava sua atuação na capital, onde disputava ferrenhamente o poder com a família Camargo.

Por determinação do Rei João V, as duas famílias – Pires e Camargo – deveriam se revezar no comando da Câmara de São Paulo, evitando assim o confronto e a desordem. Nas eleições de janeiro de 1738, ganhou a disputa um terceiro nome, desbancando o representante da família Pires, que deveria ser Pedro de Taques Pires. Revoltado, Antônio Pires de Ávila levantou infantarias de diversos locais para derrubar o recém-eleito e prender a todos que o apoiaram. Foi impedido pelo Ouvidor-Geral, João Rodrigues Campelo, que o condenou por abuso de autoridade e o enviou a prisão. Pires de Ávila morreu na Bahia, meses depois, no fundo de uma das piores masmorras do Brasil. O único município que Pires de Ávila comprovadamente fundou foi o de Pitangui, em Minas Gerais. Quanto ao de Ribeirão Pires, embora não haja comprovação, convencionou-se, a partir da década de 1980, que sua rápida passagem por esta região desencadeou o nosso desenvolvimento. Essa versão é tratada com reserva por historiadores sérios. Quanto aos descendentes de Pires de Ávila, nada se sabe. Do ponto de vista histórico-científico, o levantamento genealógico se torna muito difícil pelo fato de o mestre de campo ter tido cinco filhas e nenhum filho varão. Isso significa que os netos de Pires de Ávila não carregaram seu nome, pois a mulher – ainda nos tempos atuais – não transmite aos netos a linhagem do nome, apenas o homem. Sem a comprovação de que netos do mestre de campo geraram novos descendentes no atual município de Ribeirão Pires, tem-se, até o momento, que sua genealogia se encerrou nas filhas. No século 19, a região do Pilar Velho teve um proprietário de muitas terras, chamado Caetano Pires, mas sua relação com a família de Antônio Pires de Ávila nunca foi comprovada.





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